Disbiose Intestinal: Quando o Desequilíbrio Afeta Sua Saúde

Dr. Fernando Savóia • 12 de fevereiro de 2025

Como a Disbiose Intestinal Pode Afetar Sua Vida Como um Todo?

Nosso intestino abriga trilhões de microrganismos que desempenham papéis fundamentais na digestão, absorção de nutrientes, funcionamento do sistema imunológico e até na saúde mental. Mas e quando esse equilíbrio se rompe? Esse quadro é chamado de disbiose intestinal, uma condição que pode desencadear diversos sintomas e problemas de saúde.


Se você tem sentido inchaço, gases excessivos, constipação, diarreia recorrente ou até mesmo alterações no humor e fadiga inexplicável, seu intestino pode estar tentando enviar um alerta. A seguir, entenda as causas, impactos e como buscar ajuda para tratar essa condição.

 

O que é a Disbiose Intestinal?


A disbiose intestinal ocorre quando há um desequilíbrio entre as bactérias benéficas e as potencialmente prejudiciais do nosso trato gastrointestinal. Em um intestino saudável, existe uma interação harmoniosa entre diferentes microrganismos, que ajudam na digestão, protegem contra patógenos e regulam processos inflamatórios. No entanto, alguns fatores podem causar uma superpopulação de bactérias nocivas ou uma redução das bactérias benéficas, desencadeando uma série de problemas gastrointestinais e sistêmicos.

 

O que pode causar esse desequilíbrio?


Vários fatores podem contribuir para o desenvolvimento da disbiose intestinal, entre eles:


Dieta desequilibrada:  O consumo excessivo de ultraprocessados, açúcares refinados, álcool e baixa ingestão de fibras pode prejudicar a microbiota.


Uso frequente de antibióticos e outros medicamentos: Antibióticos eliminam não só as bactérias ruins, mas também as boas, causando um desbalanço intestinal. Antiácidos e anti-inflamatórios também podem afetar negativamente a microbiota.


Estresse crônico:  O eixo intestino-cérebro é altamente sensível ao estresse, que pode afetar a composição da microbiota e aumentar processos inflamatórios.


Sedentarismo:  A falta de atividade física pode afetar o trânsito intestinal e a diversidade microbiana.


Distúrbios digestivos pré-existentes: Condições como Síndrome do Intestino Irritável (SII), Doença de Crohn e colite ulcerativa favorecem a disbiose.


Exposição a toxinas ambientais:  Agrotóxicos, metais pesados e aditivos alimentares podem influenciar negativamente a microbiota.

 

Como a Disbiose Intestinal Pode Afetar Sua Vida Como um Todo?


A disbiose intestinal não se restringe ao sistema digestivo. Seus efeitos podem ser sentidos em todo o organismo, causando impactos na imunidade, metabolismo e até na saúde mental.


1. Problemas Gastrointestinais


  • Os sintomas mais comuns incluem:
  • Inchaço abdominal;
  • Flatulência excessiva;
  • Constipação ou diarreia crônica;
  • Dores e desconforto na região do abdômen;
  • Sensação de esvaziamento incompleto ao evacuar.

 

2. Comprometimento do Sistema Imunológico


O intestino é responsável por cerca de 70% das células imunológicas do nosso corpo. O desequilíbrio da microbiota pode enfraquecer a defesa natural do organismo, aumentando o risco de infecções e doenças autoimunes.

 

3. Impactos na Saúde Mental


Pesquisas indicam uma forte relação entre a microbiota intestinal e o cérebro, chamada eixo intestino-cérebro. A disbiose pode influenciar a produção de neurotransmissores, como serotonina e dopamina, resultando em:


  • Maior predisposição à depressão e ansiedade;
  • Irritabilidade e oscilações de humor;
  • Alterações no sono e fadiga persistente.

 

4. Alterações Metabólicas


A microbiota intestinal está diretamente relacionada ao metabolismo energético. Seu desequilíbrio pode levar a:



  • Ganho de peso descontrolado;
  • Maior resistência à insulina;
  • Inflamação sistêmica associada a doenças metabólicas.


Como Diagnosticar a Disbiose?


Identificar a disbiose requer uma avaliação médica detalhada, baseada nos sintomas e em exames específicos. Entre os principais exames utilizados estão:


Teste de Disbiose Intestinal: Avaliação da microbiota intestinal através da análise de fezes, identificando a diversidade e quantidade de bactérias.


Endoscopia Digestiva Alta (EDA): Para verificar inflamações no trato digestivo superior, como gastrite e esofagite, que podem estar relacionadas à disbiose.


Teste Respiratório de Hidrogênio e Metano: Identifica fermentação excessiva de bactérias, indicando crescimento bacteriano desregulado no intestino.


Exames de Sangue: Para detectar inflamações e deficiências nutricionais.

 

Como Prevenir e Tratar a Disbiose?


O tratamento da disbiose envolve mudanças no estilo de vida e, quando necessário, uso de suplementos ou medicamentos. Veja as principais estratégias para restaurar a microbiota intestinal:


1. Adote uma Alimentação Rica em Fibras e Probióticos


Inclua mais fibras: Frutas, verduras, legumes e grãos integrais são essenciais para alimentar bactérias benéficas.


Alimentos fermentados: Kefir, kombucha, iogurte natural e chucrute são fontes naturais de probióticos.


2. Evite Alimentos que Prejudicam a Microbiota


  • Açúcares refinados;
  • Frituras e embutidos;
  • Bebidas alcoólicas em excesso.


3. Reduza o Estresse


Atividades como meditação, ioga e exercícios físicos ajudam a reduzir os impactos negativos do estresse na microbiota.


4. Exercite-se Regularmente


O movimento regular melhora a motilidade intestinal e favorece a diversidade bacteriana.


5. Consulte um Médico Especialista


Para casos persistentes, exames médicos como a endoscopia digestiva alta (EDA) e outros testes específicos podem ser fundamentais para um diagnóstico preciso e tratamento adequado.

 

Onde Buscar Ajuda?


Se você sofre com sintomas persistentes como inchaço, constipação, diarreia ou fadiga inexplicável, é fundamental buscar uma avaliação médica. O Dr. Fernando Savóia é especialista em gastroenterologia e pode ajudar a investigar e tratar a disbiose intestinal da forma correta.


Agende sua consulta com o Dr. Fernando e descubra a melhor abordagem para restaurar sua saúde intestinal e melhorar sua qualidade de vida.

 

Saúde começa intestinal começa pelo equilíbrio dele. Cuide-se!


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Referências:


  1. AGÊNCIA EINSTEIN. O desequilíbrio da microbiota intestinal tem um papel importante em doenças psiquiátricas e neurológicas, aponta estudo brasileiro. Disponível em: https://www.agenciaeinstein.com.br/texto/o-desequilibrio-da-microbiota-intestinal-tem-um-papel-importante-em-doencas-psiquiatricas-e-neurologicas-aponta-estudo-brasileiro/
  2. ALTA DIAGNÓSTICOS. Disbiose. Disponível em: https://altadiagnosticos.com.br/saude/disbiose/
  3. CUF. Disbiose intestinal: sabe o que é?. Disponível em: https://www.cuf.pt/mais-saude/disbiose-intestinal-sabe-o-que-e
  4. ENTEROGERMINA. Disbiose intestinal. Disponível em: https://www.enterogermina.com/pt-br/saude-intestinal/sistema-digestivo/disbiose-intestinal
  5. HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN. Alimentação e saúde intestinal. Disponível em: https://vidasaudavel.einstein.br/wp-content/uploads/2021/05/107-Alimentacao-Saude-Intestinal.pdf
  6. HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN. O desequilíbrio da microbiota intestinal tem um papel importante em doenças psiquiátricas e neurológicas, aponta estudo brasileiro. Disponível em: https://www.agenciaeinstein.com.br/texto/o-desequilibrio-da-microbiota-intestinal-tem-um-papel-importante-em-doencas-psiquiatricas-e-neurologicas-aponta-estudo-brasileiro/.
  7. HOSPITAL SÍRIO-LIBANÊS. Alimentos ricos em fibras ajudam a normalizar função intestinal. Disponível em: https://hospitalsiriolibanes.org.br/blog/alimentacaoebemestar/alimentos-ricos-em-fibras-ajudam-a-normalizar-funcao-intestinal
  8. HOSPITAL SÍRIO-LIBANÊS. Microbiota intestinal e saúde: entenda a relação. Disponível em: https://hospitalsiriolibanes.org.br/blog/microbiota-intestinal-e-saude.
  9. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde intestinal e microbiota. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/saude-intestinal-e-microbiota/.
  10. OCEANDROP. Disbiose intestinal. Disponível em: https://www.oceandrop.com.br/blog/disbiose-intestinal
  11. TUA SAÚDE. Disbiose intestinal. Disponível em: https://www.tuasaude.com/disbiose-intestinal/
  12. UL250. Disbiose intestinal. Disponível em: https://ul250.com/disbiose-intestinal/
  13. UNIVERSIDADE DE HARVARD. Gut Health and Mental Well-being: The Science Behind the Connection. Disponível em: https://www.health.harvard.edu/mind-and-mood/the-gut-brain-connection.
  14. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE). Disbiose intestinal. Disponível em: https://www.uece.br/wp-content/uploads/sites/82/2021/07/Disbiose-intestinal.pdf
Por Dr. Fernando Savóia 12 de março de 2025
Exames Digestivos na Gestação: Endoscopia e Colonoscopia com Segurança e Empatia Olá, sou o Dr. Fernando Savóia, endoscopista. Hoje quero conversar com você, gestante, sobre um assunto que costuma gerar dúvidas e apreensão: a realização de exames digestivos durante a gravidez, em especial a endoscopia digestiva alta (EDA) e a colonoscopia. Sei que a gestação é um momento especial e que qualquer procedimento médico invasivo pode preocupar as futuras mamães. Meu objetivo aqui é explicar de forma clara e empática quando esses exames são realmente indicados, quais são os riscos e benefícios envolvidos, e como asseguramos a segurança tanto da mãe quanto do bebê durante todo o processo. Afinal, o cuidado especializado e a experiência profissional fazem toda a diferença para um atendimento seguro. Vamos por partes, abordando as principais questões: Indicações de Exames Digestivos na Gestação Em um mundo ideal, conseguiríamos postergar qualquer exame invasivo até após o parto. Porém, algumas situações durante a gravidez podem justificar a necessidade de uma endoscopia ou colonoscopia mesmo antes do bebê nascer. As diretrizes médicas recomendam que esses procedimentos só sejam realizados na gestação quando há uma forte indicação clínica, ou seja, quando não os fazer poderia trazer mais risco à mãe ou ao feto​. Quais seriam essas indicações? De acordo com estudos e recomendações de sociedades médicas, os principais motivos incluem: Hemorragia digestiva significativa ou persistente: Sangramentos no trato gastrointestinal (alto ou baixo) podem ameaçar a saúde materna e exigem investigação imediata​​. Por exemplo, vômitos com sangue ou sangramento retal volumoso são sinais de alerta que muitas vezes justificam uma endoscopia ou colonoscopia de urgência para identificar a causa do sangramento​. Náuseas e vômitos severos e refratários: É comum ter enjôos na gravidez, mas em casos extremos (como na hiperêmese gravídica) ou diante de dor abdominal intensa associada a vômitos persistentes, pode ser indicada uma endoscopia digestiva alta para investigar úlceras ou obstruções que estejam agravando o quadro (Vale notar que, para casos de vômitos típicos da gestação sem sinais de gravidade, geralmente tentamos tratamento clínico primeiro, evitando endoscopia desnecessária​). Dificuldade para engolir ou dor ao engolir: Se a gestante apresenta disfagia (dificuldade para engolir alimentos ou líquidos) ou odinofagia (dor ao engolir), especialmente acompanhadas de perda de peso ou desnutrição, uma endoscopia pode ser fundamental para diagnosticar e tratar a causa (por exemplo, úlceras severas ou estenoses no esôfago)​. Suspeita de condições graves no intestino grosso: Embora evitada de rotina, a colonoscopia pode ser indicada durante a gravidez se houver suspeita forte de massa ou tumor de cólon, ou em casos de diarreia severa sem diagnóstico onde se suspeita de doença inflamatória intestinal ativa​. Ninguém quer submeter uma gestante a colonoscopia desnecessariamente, mas se há sinais preocupantes (como sangramento intestinal importante, risco de câncer de cólon ou colite grave), o exame pode salvar duas vidas – a da mãe e a do bebê – ao permitir um diagnóstico e tratamento precoces. Pancreatite biliar ou colangite (infecção das vias biliares): Gestantes podem ter cálculos (pedras) na vesícula ou no ducto biliar causando pancreatite ou infecção. Nesses casos, às vezes é necessária uma endoscopia terapêutica (como a CPRE, um tipo especial de endoscopia) para desobstruir o canal biliar. Isso foge um pouco da EDA/colonoscopia diagnóstica tradicional, mas vale citar que, diante de um quadro grave biliar, a endoscopia é preferível a uma cirurgia durante a gestação, pois resolve o problema com menos invasão​. Em resumo, somente indicamos EDA ou colonoscopia na gravidez se os benefícios superarem claramente os riscos. Sintomas leves de gastrite, azia controlável, constipação leve – esses geralmente conseguimos manejar com medicamentos seguros para gestantes e medidas dietéticas, deixando exames invasivos como último recurso. O foco é sempre proteger você e o bebê. Riscos e Benefícios: O Que a Gestante Precisa Saber Vamos falar agora sobre os riscos potenciais versus os benefícios de se realizar uma endoscopia ou colonoscopia na gravidez. É natural ter medo do desconhecido, então quero esclarecer cada ponto com base em evidências médicas. Riscos potenciais para a mãe e o bebê: Os estudos mostram que o maior perigo para o feto durante um procedimento desses não é o endoscópio em si, mas sim fatores indiretos, como medicações e alterações na mãe durante o exame. Por exemplo, a sedação usada no exame pode baixar a pressão arterial da mãe ou reduzir sua oxigenação se não for bem monitorada, e isso, por sua vez, pode diminuir a oxigenação do feto​. Daí a importância de uma equipe treinada e de usar a menor dose possível de sedativos. Alguns medicamentos em altas doses poderiam, teoricamente, afetar o desenvolvimento do bebê (teratogenicidade), especialmente no primeiro trimestre​. Além disso, existe um risco pequeno de complicações do próprio exame, como perfuração do órgão examinado ou sangramento pós-biópsia, mas esses eventos são muito raros quando o procedimento é feito por profissionais experientes. No caso da colonoscopia, há também o desconforto do preparo intestinal e o risco de desidratação se o preparo não for bem orientado – mais um motivo para acompanhamento próximo. Riscos potenciais para o bebê: As principais preocupações são hipóxia fetal, trabalho de parto prematuro ou aborto. O bebê depende da oxigenação materna, então mantemos um cuidado rigoroso para que a mamãe esteja bem oxigenada, sedada na medida certa (sem “exagero” de sedação) e posicionada adequadamente durante o exame para não comprimir vasos sanguíneos importantes​. Procedimentos no primeiro trimestre trazem um risco natural maior de aborto espontâneo (independentemente de qualquer intervenção, pois é o período mais delicado da formação embrionária) – por isso, se pudermos adiar para o segundo trimestre, melhor. No terceiro trimestre, o maior risco seria induzir contrações ou um parto prematuro, especialmente se a mãe já tiver predisposição. Fique tranquila, esses riscos são manejáveis e bastante baixos quando todos os cuidados são tomados​. Por exemplo, uma pesquisa que acompanhou dezenas de gestantes submetidas a endoscopias mostrou que nenhuma delas entrou em trabalho de parto ou teve malformação fetal devido ao procedimento, ocorrendo apenas um caso de aborto em segundo trimestre entre quase cinquenta mulheres avaliadas​. Ou seja, complicações graves são exceção da exceção. Benefícios e por que vale a pena quando indicado: Se o seu médico está recomendando um exame desses durante a gravidez, é porque o benefício esperado supera os riscos. Pense assim: identificar e tratar precocemente uma causa de sangramento gastrointestinal pode salvar a vida da mãe, corrigir anemia severa e impedir danos ao bebê por falta de oxigênio. Tratar uma úlcera sangrante via endoscopia é muito menos invasivo do que uma cirurgia de emergência no estômago, por exemplo – e cirurgia na gravidez tem riscos ainda maiores. Da mesma forma, diagnosticar uma colite grave e instituir o tratamento adequado pode evitar complicações que colocariam a gestação em perigo. Segundo especialistas, quando há indicação clara, o endoscópio pode ser um aliado seguro na gravidez, evitando procedimentos radiológicos com radiação ou cirurgias abertas​. Em suma, o maior benefício é cuidar da saúde materna sem esperar meses até o parto, pois a saúde da mãe impacta diretamente a do bebê. Bebês de mães gravemente doentes correm mais riscos do que bebês de mães que foram diagnosticadas e tratadas prontamente. Aqui vale aquela máxima: o que é bom para a mãe, é bom para o bebê – mães saudáveis tendem a ter bebês saudáveis. Segurança e Protocolos Médicos: Como Procedemos A segurança é a nossa prioridade número um. Diversas normas e protocolos médicos norteiam a realização de endoscopias e colonoscopias em gestantes, todos com um objetivo principal: minimizar qualquer risco para mãe e feto, garantindo o máximo de benefício diagnóstico/terapêutico. Vou detalhar como nos preparamos e conduzimos esses exames de forma segura: 1. Momento ideal do exame: Sempre que possível, planejamos o exame para o segundo trimestre da gestação (aproximadamente entre a 14ª e 27ª semana)​. Esse período é considerado o mais “seguro” porque o bebê já passou pelas fases iniciais de formação de órgãos (reduzindo risco de teratogenia) e ainda não é grande o suficiente para tornar o procedimento desconfortável ou aumentar risco de parto prematuro. No primeiro trimestre, a recomendação é adiar o exame a menos que seja absolutamente necessário​. Já no terceiro trimestre, evitamos procedimentos eletivos pois o útero grande pode dificultar a realização do exame e aumentar risco de contrações; só faremos se for algo urgente que não pode esperar algumas semanas até o parto. Em outras palavras: se dá para esperar, a gente espera; se não dá, fazemos no timing mais seguro possível. 2. Avaliação prévia e acompanhamento obstétrico: Nenhuma gestante entra na sala de endoscopia sem antes ter uma avaliação cuidadosa do obstetra. É importante trabalhar sempre em conjunto com o obstetra que acompanha a gravidez, discutindo a real necessidade do exame e quaisquer precauções adicionais. Em casos de emergência em atender uma gestante, solicitamos a presença (ou pelo menos o aval) de um obstetra de plantão. As diretrizes internacionais reforçam que todo exame endoscópico em grávidas deve contar com supervisão obstétrica, inclusive para decidir o nível de monitoramento do bebê durante o procedimento​. Esse trabalho em equipe garante que tanto a saúde digestiva quanto a saúde gestacional estejam sendo cuidadas de forma integrada. 3. Sedação e anestesia seguras: Este talvez seja o ponto que mais preocupa as pacientes: "Qual medicamento vou receber? Faz mal pro bebê?" Fique tranquila – usamos medicações sedativas consideradas seguras na gestação, em doses mínimas efetivas. Na prática, para endoscopias diagnósticas, preferimos a sedação moderada (consciente) em vez de anestesia geral profunda. A sedação é cuidadosamente ajustada para garantir conforto à paciente sem comprometer a segurança da mãe e do bebê. Utilizamos uma abordagem equilibrada, com medicamentos como fentanil e midazolam em doses ajustadas, sempre priorizando a mínima intervenção necessária. Para casos que exigem um nível de sedação mais profundo, como colonoscopias mais demoradas ou procedimentos terapêuticos, contamos com um médico anestesiologista, que pode administrar propofol – um agente de ação rápida e considerado seguro quando utilizado com monitoramento adequado. Toda a sedação é calculada com extrema cautela, levando em conta as mudanças do corpo da gestante, como a alteração no metabolismo dos medicamentos e a maior sensibilidade das vias aéreas. Durante todo o procedimento, a mãe é monitorada quanto aos sinais vitais – frequência cardíaca, pressão arterial, nível de oxigênio no sangue – garantindo sua estabilidade e, indiretamente, o bem-estar do bebê. 4. Cuidados com posição e oxigenação: Durante a realização do exame, pequenos detalhes fazem grande diferença. Colocamos a paciente em decúbito lateral esquerdo (deitada sobre o lado esquerdo) ou com uma leve inclinação pélvica para a esquerda​. Essa posição evita que o útero comprima a veia cava inferior, o grande vaso que leva sangue de volta ao coração – se essa veia ficar comprimida, pode cair a pressão materna e a circulação para o útero diminui​. Com a posição correta, mantemos o fluxo sanguíneo ideal para o bebê. Também administramos oxigênio suplementar pela cânula nasal durante o exame, mesmo que a saturação da mãe esteja boa, como precaução extra para assegurar níveis ótimos de oxigênio. E lembrando: jejum rigoroso antes do exame! Orientamos a gestante a respeitar o jejum de 8 horas para sólidos (e um jejum menor para líquidos claros), reduzindo muito o risco de regurgitação e aspiração de conteúdo ácido do estômago durante a sedação – isso é importante em qualquer pessoa, mas especialmente na grávida, porque o estômago demora mais para esvaziar e o útero empurra tudo para cima, aumentando a chance de refluxo. Segurança começa com a preparação adequada. 5. Monitoramento fetal: Uma dúvida comum é "O bebê será monitorado durante a endoscopia?". A resposta depende da idade gestacional e da disponibilidade de recursos. Em gestações mais iniciais (primeiro e segundo trimestres até cerca de 24 semanas), o feto é muito pequeno para um monitoramento contínuo efetivo; então normalmente checamos os batimentos cardíacos fetais com um doppler antes do início do exame e logo após o término, confirmando que estão normais​. Já em gestações mais avançadas (acima de ~24 semanas), quando o bebê já é viável e mais sensível a alterações, é recomendado fazermos um monitoramento eletrônico fetal e de possíveis contrações uterinas antes e depois do procedimento​. Em alguns casos, se o exame for prolongado ou a paciente tiver fatores de risco, podemos monitorar o bebê continuamente durante a endoscopia – isso requer uma estrutura de sala cirúrgica com cardiotocógrafo e, de preferência, presença de um obstetra ou enfermeira obstétrica ao lado. Em locais adequados (como hospitais com UTI neonatal disponível), esse monitoramento contínuo durante o exame traz ainda mais tranquilidade de que o bebê está bem o tempo todo​. Reforçando: a decisão de monitorar contínuamente é individualizada; nem sempre é necessário, mas em gestações avançadas nós preferimos pecar pelo excesso de cuidado. E claro, se houver qualquer alteração (por exemplo, contrações uterinas durante o exame, ou queda do batimento fetal após), temos protocolos de ação rápida junto com a equipe de obstetrícia. 6. Contraindicações absolutas: Poucas situações realmente impedem a realização de um exame endoscópico numa grávida quando ele é necessário, mas vale citar: se a gestante estiver com um quadro de descolamento prematuro de placenta, trabalho de parto iminente, ruptura de bolsa ou eclâmpsia não controlada, então o exame digestivo fica contraindicado naquele momento​. Primeiro estabiliza-se a condição obstétrica emergencial, pois essas situações põem em risco imediato a vida do bebê (e da mãe, no caso de eclâmpsia). Fora desses casos, praticamente todas as outras condições podem ser manejadas para viabilizar o exame com segurança. Seguindo todos esses protocolos, a literatura médica e nossa experiência prática indicam que endoscopias e colonoscopias podem ser realizadas com segurança em gestantes, desde que com indicações precisas e todos os cuidados acima. Institutions internacionais renomadas como a Mayo Clinic, a Harvard Medical School e o American College of Gastroenterology reafirmam que, com a técnica adequada e monitorização, o risco desses exames na gravidez é baixo e aceitável frente à necessidade clínica. Em síntese, você não está desamparada: se precisar fazer o exame, estaremos preparados para cuidar de você e do seu bebê em cada detalhe. Cuidados Especiais: Sedação, Recuperação e Monitoramento Pós-Exame Após o procedimento, a gestante continua sendo observada até que esteja completamente desperta e estável. O pós-exame imediato envolve checar novamente os batimentos fetais (nos casos em que a idade gestacional já permite ausculta fetal) e certificar que não há contrações uterinas ou qualquer sinal de sangramento ou complicação. A recuperação da sedação em grávidas costuma ser semelhante a de outras pessoas, embora alguns medicamentos possam deixá-la um pouco mais sonolenta ou com náuseas – sintomas esses que monitoramos e tratamos conforme necessário. Uma dúvida comum é sobre amamentação (no caso de gestantes que já têm um bebê lactente em casa ou pensando adiante, após o parto): alguns sedativos, como o fentanil e o propofol, são compatíveis com a amamentação assim que a mãe se recupera, sem necessidade de descartar leite. Já o midazolam, se for utilizado, requer um intervalo de cerca de 4 horas antes de retomar a amamentação, para garantir eliminação do fármaco​. Eu sempre oriento essas condutas no pós-exame caso a paciente já esteja amamentando outro filho ou pretenda amamentar logo depois do parto. Novamente, tudo pensando em segurança para o bebê e tranquilidade para a mamãe. Vale ressaltar que, diferente de exames radiológicos, a endoscopia digestiva não envolve radiação (exceto em procedimentos específicos como CPRE, onde tomamos cuidados rigorosos de proteção caso haja necessidade de radioscopia). Portanto, não há exposição radioativa ao bebê em uma endoscopia ou colonoscopia diagnóstica comum, o que já elimina um dos temores que muitas pacientes têm em relação a exames durante a gravidez. Por fim, após receber alta do exame, as orientações incluem: repouso relativo no restante do dia, hidratação abundante (principalmente se houve preparo intestinal para colonoscopia), manter alimentação leve conforme tolerado e observar qualquer sintoma anormal.  Eu faço questão de estar acessível após o procedimento para qualquer intercorrência ou dúvida que surja. Felizmente, na imensa maioria das vezes, as pacientes grávidas toleram super bem a endoscopia/colonoscopia e podem retomar suas rotinas normais no dia seguinte, seguindo sempre as recomendações do obstetra para a continuação do pré-natal.
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